Chuvas atrasam colheita da soja no norte do Mato Grosso
31/01/2008 - 15h13
Por Marcelo Teixeira
SÃO PAULO (Reuters) - Chuvas que atingem boa parte da região norte do Mato Grosso há pelo menos uma semana estão atrasando os trabalhos de colheita da soja precoce na região e podem prejudicar a qualidade da oleaginosa, disseram produtores e técnicos nesta quinta-feira.
"Estou com 1.600 hectares de soja prontos pra colher desde a sexta-feira, mas não consigo entrar com as máquinas", afirmou o produtor Argino Bedin, que cultiva um total de 10 mil hectares com soja no município de Sorriso.
"Eu vejo os boletins do tempo todas as manhãs esperando por uma trégua nas chuvas, mas a previsão continua ruim".
A Somar Meteorologia informou nesta quinta-feira que não há mudança no cenário para os próximos dias. [ID:nN31292097]
"O tempo segue com muita chuva no Centro-Oeste, onde o excesso de umidade no solo impede as atividades de campo", informou a empresa em boletim diário.
"Nos primeiros 7 dias de fevereiro a chuva não dá tregua ao Centro-Oeste e Sudeste", acrescentou a Somar, que espera por aproximadamente 90 milímetros de chuva para o norte do Mato Grosso até 4 de fevereiro.
Além de atrasar os trabalhos, as chuvas podem deteriorar a qualidade da oleaginosa.
A soja precoce responde por aproximadamente 30 por cento da produção do Mato Grosso, estimada neste ano em 16,4 milhões de toneladas.
O restante da safra permanece em boa condição e ainda demorará de 15 a 20 dias para entrar no período de colheita.
O produtor Elton Damolin, que cultiva 5 mil hectares de soja em Sorriso, diz que deveria estar iniciando nesta semana a colheita.
"As pessoas estão começando a ficar preocupadas. A sorte é que houve atraso no plantio em outubro devido à falta de chuva, caso contrário a situação estaria pior. Normalmente nessa época muita gente no norte já deveria estar colhendo", afirmou.
O agrônomo Rogério Floriano Rosa, baseado em Lucas do Rio Verde, município que também colhe soja de maneira adiantada, diz que já há casos de "soja ardida" (danificada pelo excesso de umidade) na região.
"Isso deve reduzir o peso da produção e provocar desconto no momento de entrega do produto à indústria", disse.
Bedin afirmou que a chuva traz um problema adicional: aumento na incidência da ferrugem asiática.
"A ferrugem estava sob controle até agora, mas depois dessa chuva toda certamente teremos que fazer pelo menos mais uma aplicação de fungicida. Isso significa custo maior".
(Edição de Denise Luna)
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