Dirigentes do PT são citados em livro de caixa 2 em MS

06/11/2007

O livro do suposto caixa dois, com desvio de dinheiro público, do ex-governador de Mato Grosso do Sul Zeca do PT indica pagamentos que teriam sido feitos, no ano eleitoral de 2004, ao então presidente do PT de Campo Grande, Sílvio Nucci (R$ 25 mil por mês), e à então secretária de finanças do diretório estadual do partido, a professora Elza Jorge (R$ 17 mil mensais).

Também no livro-caixa aparecem supostos pagamentos mensais (de R$ 25 mil a R$ 50 mil) ao deputado federal Vander Loubet (PT-MS), sobrinho de Zeca e candidato derrotado a prefeito de Campo Grande em 2004. Na frente do nome de Vander, em uma das anotações, vem escrito entre parênteses "até as eleições". O livro-caixa indica pagamentos de agosto de 2004 a abril de 2005.

Vander, Nucci e Elza negam ter recebido dinheiro de caixa dois. Afirmam desconhecer a que se referem as anotações dos supostos pagamentos.

O livro-caixa foi apreendido durante investigação do Ministério Público Estadual sobre o suposto caixa dois na casa de Salete de Lucca, que foi secretária de Raufi Marques, o ex-secretário de Governo de Zeca.

Salete disse em depoimento que fez as anotações a pedido de Raufi, mas afirmou não saber do que se tratava. Raufi disse à Folha que eram as anotações sobre campanhas, mas alegou que só dará detalhes à Justiça.

Segundo Nucci, Raufi lhe disse que as anotações se referiam a estimativa de gastos em campanhas eleitorais. "Nunca vi esse livro, nunca ouvi falar. Não tenho nem noção do que é. Não participei da coordenação da campanha de Vander", afirmou Nucci. No livro aparece anotado, além de "Sílvio Nucci-PT mun.-25.0 [supostamente R$ 25 mil]", também "lista do Sílvio Nucci - 7.5".

"Não tenho informação sobre essa questão de pagamento. Estamos até conversando com o Raufi para saber que diabo é isso. Nós queremos explicação também", disse Elza Jorge. "Profª Elza- PT Region -17.0", é a anotação que aparece no livro. O PT estadual, sob comando financeiro de Elza, doou R$ 417,9 mil ao comitê financeiro da campanha petista de Campo Grande em 2004.

O caixa dois desviou R$ 30 milhões em verbas de publicidade durante o governo de Zeca do PT (1999 a 2006), diz a Promotoria. Zeca nega.

Segundo a assessoria de Loubet, suas contas foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.

O promotor Marcos Antônio Martins Sottoriva disse que os casos envolvendo caixa dois serão encaminhados ao Ministério Público Eleitoral.

Os nomes do deputado Antônio Carlos Biffi (PT-MS) e o do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) também aparecem no livro. Eles negam ter recebido dinheiro do ex-governador.

Fonte: Folha Uol

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u342992.shtml