segunda-feira, 19 de abril de 2010

Perito reforça a tese de suicídio de acusado de matar seis jovens em Luziania

do UOL Notícias

Luiz Felipe Fernandes
Especial para o UOL Notícias
Em Goiânia

Uma sindicância da Polícia Civil de Goiás vai apurar as circunstâncias da morte do pedreiro Adimar Jesus da Silva, 40, encontrado morto na cela onde ele estava, no início da tarde de hoje (18). Quatro peritos do Instituto de Criminalística estiveram no local e, num levantamento preliminar, afirmaram que se tratou de um suicídio.

“É prematuro fazer qualquer afirmação, mas, aparentemente, não existe outra possibilidade para a morte”, disse a perita criminal Iracilda Coutinho Itacaramby. Durante a semana serão feitas novas análises na cela e no corpo de Adimar. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) deve ser concluído em 20 dias.

Os peritos também recolheram a espécie de corda que, segundo a polícia, foi feita pelo próprio Adimar. O instrumento teria sido confeccionado com tiras do tecido que revestia o colchão dele e chamou a atenção por estar muito bem feita, em forma de trança. A corda foi amarrada na grade que protege a abertura de ventilação da cela – uma altura de cerca de 2,5 metros.

Iracilda afirmou que Adimar não ficou suspenso no ar. Segundo ela, o pedreiro teria usado o peso do próprio corpo para forçar a tração da corda no pescoço. A perita disse que, num primeiro momento, também não localizou perfurações. A mancha de sangue na camisa de Adimar pode ser, segundo ela, resultado de sangramento pelo nariz ou boca. “Isso é comum em caso de enforcamento”, explicou.

Premeditado

Ontem à tarde, presos da cela ao lado chegaram a ouvir o som de pano sendo rasgado. Cláudio Tomaz da Costa, 26, que está preso na carceragem da Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc), disse que chegou a conversar, em tom de brincadeira, sobre a possibilidade de Adimar querer se suicidar. O pedreiro teria desconversado, justificando que cortava o lençol porque estava grande demais.

Cláudio contou que, pouco tempo antes de morrer, Adimar almoçou e conversou com os outros presos, inclusive dando detalhes da morte dos seis jovens de Luziânia. “Ele pediu pra gente ler o jornal em voz alta, pra saber o que tinha saído sobre ele”. O pedreiro estava isolado desde que foi transferido para Goiânia, há exatamente uma semana.

A polícia acredita que Adimar já estava planejando a própria morte. “Ele ligou o chuveiro para não ser ouvido pelos presos da outra cela”, comentou o delegado Norton Luiz Ferreira. Na semana passada, quando o pedreiro foi apresentado pela polícia, ele falou aos jornalistas que já tinha tentado suicídio quando cumpria pena em Brasília, mas que a camiseta usada para se enforcar tinha arrebentado.

O caso está sendo acompanhado pelo delegado Sidney Costa e Souza, da corregedoria da Polícia Civil goiana. Ele ouviu dois dos 11 presos que estão na cela ao lado da que Adimar ficava. Apesar dos indícios de que realmente foi um suicídio, uma investigação poderá esclarecer outros detalhes da morte.

Desaparecidos

Adimar Jesus da Silva era acusado de matar seis jovens de Luziânia, no entorno de Brasília. Os rapazes, com idades entre 13 e 19 anos, estavam desaparecidos desde o fim do ano passado. O pedreiro confessou os crimes à polícia, dando versões confusas e explicações contraditórias. Numa delas, disse que receberia R$ 5 mil para matar as vítimas.

O caso levantou a discussão sobre a legislação penal e o sistema prisional brasileiros, já que Adimar foi beneficiado com a progressão de pena mesmo com laudos indicando que ele deveria receber tratamento psicológico. Além disso, identidades com nomes diferentes não permitiram à justiça saber que contra ele havia um mandado de prisão de 2000, por uma tentativa de homicídio no interior da Bahia.

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