Sílvio Crespo
Em São Paulo
A desigualdade entre ricos e pobres no país continuou caindo no ano passado, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Exceção, a região Centro-Oeste foi a única em que houve piora na distribuição de renda.
A queda da desigualdade no país, no entanto, ainda é "discreta", na avaliação dos pesquisadores. Os 10% mais pobres do Brasil tinham em 2007 rendimentos que, somados, equivaliam a apenas 1,1% da renda total dos brasileiros. Um ano antes, eles tinham 1% do total, mesmo patamar verificado em 2004.
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Já a renda dos 10% mais ricos do país correspondia a 43,2% do total das remunerações no ano passado. Em 2006, eles abocanhavam uma parcela um pouco maior, de 44,4%. Em 2005 o percentual havia sido de 44,7% e, em 2004, de 44,6%.
O índice de Gini, uma fórmula usada para medir a desigualdade, teve leve redução de 0,547 em 2006 para 0,534 no ano passado. O indicador varia entre zero, que seria a igualdade perfeita, e um, que corresponderia à maior concentração de renda possível.
A renda média por mês dos 10% mais ricos passou de R$ 4.114, em 2006, para R$ 4.130 no ano passado (alta de 0,4%). Já os 10% mais pobres ganhavam em média R$ 97 em 2006 e passaram a receber R$ 110 no ano passado, um crescimento de 13,4%.
Os valores já descontam a inflação do período e foram todos corrigidos pelo INPC de setembro de 2007, quando o IBGE realizou a pesquisa.
A pesquisa mostrou, ainda, que quem tinha uma renda de um salário mínimo no ano passado (que era de R$ 380 em setembro, período em que se concentrou a pesquisa), está acima da faixa dos 30% mais pobres.
Os dados consideram a renda real de todos os trabalhos (para quem tem mais de um) das pessoas em atividade (estão excluídos, portanto, aposentados, pensionistas e os que recebem mesada ou qualquer tipo de ajuda).
Elite perde renda
Se considerada a camada do 1% mais rico do país, houve pequena queda de 0,7% da renda média, de R$ 11.878 para R$ 11.799, segundo o levantamento do IBGE.
Os rendimentos saltaram 18% na elite (1% mais ricos) do Centro-Oeste, passando de R$ 12.993 para R$ 15.340. Também aumentaram no Sul (0,3%, de R$ 11.820 para R$ 11.854) e no Norte (alta de 7,8%, de R$ 8.518 para R$ 9.179).
A parcela de 1% mais ricos perdeu renda no Sudeste (queda de 3,64%, de R$ 12.958 para R$ 12.486) e no Nordeste (redução de 5,9%, de R$ 9.458 para R$ 8.899).
Regiões
A região menos desigual do país é o Sul, onde o índice de Gini é de 0,505. Em seguida vêm a área urbana do Norte (onde a zona rural não foi pesquisada nesse item) e o Sudeste, cada uma com 0,51. O Nordeste aparece logo depois, com 0,54. Por último, o Centro-Oeste tem 0,564 no índice de Gini.