sábado, 31 de março de 2012



Senador do DEM era
chamado de "chefe" ediscutia ações no Congresso 


'Chefe', senador discutia ações no Parlamento


MSN

Um dos principais operadores da organização criminosa comandada pelo contraventor Carlinhos Cachoeira, o sargento reformado da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, tratava o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) por 'chefe'. Diálogo telefônico interceptado pela Polícia Federal em junho de 2009, no âmbito da Operação Vegas, mostra Demóstenes em posição de comando, passando ordens para Dadá e coordenando ações dentro do Senado.
'Entendeu o que eu falei?', indaga Demóstenes ao final da explicação sobre as ações desenvolvidas no Parlamento. 'Entendi, entendi. Eu vou avisar pra eles, mas... mesmo assim ficou bom, né chefe?', responde Dadá.
Referindo-se à mobilização política que comandava para aprovação de medidas legislativas, Demóstenes atualiza o ex-sargento: 'É, ficou bom porque dá pra acudir, foi bom ter trazido o tema, (mas) não dá pra fazer nada em uma semana, nada, a não ser discurso. Isso não resolve, até porque eu já tô com a lista que você me passou. É... na hora que o presidente anunciar o negócio, eu convoco uma audiência pública pra discutir o tema'.
Dadá demonstra ter contatos na mídia para difundir interesses do grupo: 'Aí eu aviso a imprensa'. Demóstenes encerra a ligação, de menos de três minutos: 'Mas pode ter certeza que o negócio vai ser polêmico'.
A operação Vegas, realizada em 2009, levantou indícios que resultaram em outra operação, a Monte Carlo, desencadeada em 29 de fevereiro passado, na qual foi desarticulara uma ampla rede de jogos ilegais comandada por Cachoeira. Ele e Dadá estão presos à disposição da Justiça.
A Vegas indiciou várias pessoas, mas a parte que alcança Demóstenes e outros parlamentares era desconhecida até agora porque, por envolver réus com prerrogativa de foro especial, a investigação dependia de pedido de inquérito da Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal (STF), o que não foi feito na ocasião.
Gravações. As primeiras gravações da Operação Vegas foram divulgadas esta semana pelo jornal O Globo e Jornal Nacional. Elas mostram que Demóstenes usou o mandato para intermediar interesses de Cachoeira, de quem receberia propinas, presentes caros e favores. O Globo revelou conversas em que ele acerta com Cachoeira táticas que vão da interferência em processo judicial ao lobby pela legalização dos jogos de azar. Demóstenes trata até de licitações na Infraero na época em que era relator da CPI do Apagão Aéreo.
Nas conversas, em que Demóstenes chama Cachoeira de 'Professor' e é tratado de 'Doutor', o contraventor, como informou o jornal, manda o senador fazer um levantamento sobre um projeto de lei relacionado a jogos de azar. Em razão das provas, o STF abriu inquérito e quebrou o sigilo bancário do senador.
Demóstenes confirmou que é amigo de longa data de Cachoeira, mas silenciou-se quando surgiram as provas do envolvimento dele com a organização. O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro disse que os diálogos que incriminam o senador foram colhidos de forma ilegal e serão anulados. 'O senador está muito abalado com as acusações que ferem sua imagem, mas juridicamente estamos tranquilos.'

quarta-feira, 28 de março de 2012


DEM vê naufragar o projeto ‘Demóstenes-2014 (Josias de Souza)


DEM vê naufragar o projeto ‘Demóstenes-2014’

Em 6 de dezembro de 2011, discursando numa convenção do DEM, Demóstenes Torres soou como candidato a 2014. O partido “não pode mais ser coadjuvante”, disse, dirigindo-se a uma platéia que sonha com o dia em que se desacoplará do PSDB. “É melhor ser cabeça de cachorro do que rabo de leão.”
O colega Jayme Campos, senador pelo Mato Grosso, enxergou na calva do colega uma juba invisível: “Vamos saudar nosso candidato a presidente, Demóstenes Torres.” Seguiram-se aplausos efusivos. Decorridos três escassos meses, Demóstenes parece mais próximo da renúncia ao Senado. Um cacique do DEM que ajudou a engrossar as palmas lamentava, na noite passada: “Nossa aposta virou cachorro morto.”
Um momento crucial das biografias é o encontro do homem com seu erro. Demóstenes avistou-se com o erro, constatam todos os que o conhecem –ou imaginavam conhecer— no instante em que aproximou sua biografia à folha corrida do contraventor Carlinhos Cachoeira.
Se a atuação de Demóstenes no Senado ensinou alguma coisa, é a não esperar qualquer tipo de intenção altruísta de personagens como Cachoeira. Quando se achegam a pessoas influentes, não buscam amizade, mas o intercâmbio de favores que lhes facilitem a sobrevivência.
Em conversa com um amigo, José Agripino Maia, o presidente do DEM, lamentou: “Abriu-se um abismo entre o discurso do Demóstenes e a prática” insinuada nas páginas dos documentos da Polícia Federal.
Outra voz influente do partido espanta-se com o abatimento de Demóstenes. “Nas conversas conosco, ele não consegue passar segurança em relação ao que está por vir”. Pedro Taques (PDT-MT), um senador que tocava na banda de Demóstenes, choca-se com o já visto: “É muito grave”.
Demóstenes não possui estatura avantajada. Antes atarracado, ganhou aparência franzina depois de um regime seguido de cirurgia. Agigantava-se, porém, no meio de um Senado majoritariamente composto de pequenos homens.
Batizado com nome de orador grego (Δημοσθένης, na grafia original), Demóstenes esbanjava eloquência de linguagem. Afigurava-se tão dotado de valores morais e princípios éticos que deixava antever um roteiro inevitável.
Assim como a primavera se sucede ao inverno e o verão vem depois da primavera, assim também a carreira política do advogado Demóstenes –ex-delegado de polícia, ex-secretário de Segurança de Goiás e promotor de Justiça licenciado— o conduziria às mais altas funções da República.
Foi então que se descobriu que o senador já se havia encontrado com seu erro. Não foi nenhum golpe de azar. Carlinhos Cachoeira tornara-se nacionalmente conhecido em 2004. Aparecera em vídeo oferecendo propina a Waldomiro Diniz, protagonista do primeiro escândalo da Era Lula.
No campo jurídico, ensina o colega Pedro Taques, ex-procurador da República, Demóstenes é credor do beneficío da dúvida e do direito ao contraditório. Porém, no universo da política, a simples proximidade com Cachoeira, por inqualificável, tornou-se fácil de qualificar.
A coisa pareceu impensável quando se descobriu que o senador recebera do contraventor uma geladeira e um fogão importados. Da tribuna, Demóstenes admitiu, em discurso de 6 de março, a amizade tóxica. Disse que as peças de cozinha foram presentes de casamento. A “boa educação” o impedira de recusar.
Do impensável, foi-se ao inacreditável. O senador reconheceu dias depois que se comunicava com o malfeitor por meio de um aparelho de rádio antigrampo habilitado em Miami. Espanto, pasmo, estupefação! Que conversas teria alguém com nome de orador grego com um Cachoeira cuja atividade é uma cascata de ilegalidades?
Prevalecendo sobre o equipamento, a Polícia Federal escutou três centenas de diálogos. Do inacreditável, evoluiu-se para o inaceitável. Relatório policial enviado à Procuradria-Geral da República em setembro de 2009 informou que a voz de Demóstenes soou num grampo pedindo a Cachoeira R$ 3 mil para pagar uma fatura de táxi aéreo.
Senadores que haviam se solidarizado com Demóstenes no discurso da geladeira e do fogão passaram a cobrar dele um comportamento de Demóstenes. Exigiram novas explicações. Agripino apressou-se em expressar o “incômodo” que a “dúvida” instila no DEM.
Nesta terça (27), exilado em seu gabinete, um Demóstenes silencioso falou por escrito. Redigiu dois ofícios. Num, informou a Agripino sua decisão de renunciar à liderança do DEM. Noutro, esclareceu a José Sarney, presidente do Senado, que só voltará à tribuna depois de conhecer o inteiro teor das acusações que o espreitam.
O político celebrado como “candidato a presidente” na convenção de dezembro tornou-se pré-candidato a réu. Com atraso de dois anos e meio, o procurador-geral da República Roberto Gurgel requereu ao STF a abertura de inquérito contra Demóstenes e outros políticos pilhados nas escutas da PF.
Demóstenes, o promotor, sabe que tudo o que for dito agora por Demóstenes, o senador, poderá ser usado num futuro próximo contra Demóstenes, o potencial denunciado. Por isso, o orador loquaz dá lugar ao advogado cauteloso.
Considerando-se os dois campos esboçados pelo ex-procurador Pedro Taques –o mundo dos tribunais e o universo do Legislativo— a nova tática de Demóstenes pode ser útil à formulação de sua defesa. Como estratégia política, o silêncio faz dele um senador hemorrágico.
A única vez em que o DEM teve candidato próprio ao Planalto foi em 1989. Numa época em que ainda se chamava PFL, a legenda foi às urnas representada por Aureliano Chaves. Amealhou ridículos 0,9% dos votos. Terminou em oitavo lugar.
Desde então, o ex-pefelê frequenta a cena política como força auxiliar do tucanato. Esvaziado pelo PSD do desertor Gilberto Kassab, o DEM –ou um pedaço expressivo do partido— via em Demóstenes um projeto de alforria.
Ao encontrar-se com seu erro, Demóstenes tornou-se uma espécie de ex-Demóstenes. E o DEM voltou a flertar com o seu destino de “rabo de leão.” Dependendo de como terminar a administração Dilma Rousseff, pode ter de associar-se a um PSDB sem juba.
Quanto a Demóstenes, está como que condenado ao mesmo tipo de tratamento que costumava dispensar aos transgressores que tinham o azar de cruzar-lhe o caminho. Ao misturar-se com Cachoeira, o ex-presidenciável tropeçou no erro. Passou adiante, sem desconfiar de que o erro é o erro. Sendo quem era, deveria ter olhado para o erro e proclamado: “Ali está o erro”.

quarta-feira, 21 de março de 2012


Príncipe inglês faz turismo no Pantanal sul-mato-grossense

terça, 13 de março de 2012s
O príncipe Harry de Gales está fazendo turismo no Pantanal de Mato Grosso do Sul, informou esta noite a TV Morena, segundo a qual, o integrante da realeza inglesa desembarcou às 9 horas de um avião de carreira no Aeroporto Internacional de Campo Grande, seguindo logo depois, num avisão particular, para o Pantanal, onde deverá ficar por três dias.

Ainda segundo a emissora, Bonito também estaria noroteiro turístico de Harry por Mato Grosso do Sul. O príncipe retorna à Inglaterra na próxima segunda-feira.

ORGULHO DA RAINHA

O príncipe Harry de Gales espera que sua avó, a rainha Elizabeth II, se sinta orgulhosa de sua viagem pelo Caribe e pelo Brasil por causa do Jubileu de Diamantes da soberana, informou nesta segunda-feira a emissora britânica BBC. O príncipe Harry classificou o percurso por Belize, Jamaica, Bahamas e Brasil como "emocionante" e afirmou que, antes de partir, teve uma conversa com a rainha na qual ela lhe desejou boa viagem.

"Ela me disse: "aproveite, espero que me faça sentir orgulho". Foi uma conversa típica de avó e neto", comentou o príncipe à BBC ainda no Brasil, onde se encontra nesta segunda-feira em visita privada após fechar no domingo sua viagem oficial. O príncipe, que confessou se sentir "exausto", agradeceu o "calor" das boas-vindas que recebeu em cada um dos roteiros da viagem, a primeira oficial que realiza sozinho representando Elizabeth II, 85 anos, que está há 60 anos no trono britânico.

"Pessoalmente não tinha nem ideia de quanta influência a Rainha tem em todos estes países. Para mim foi uma lição de humildade, e de fato, continua me surpreendendo às vezes a forma como é celebrado seu 60º aniversário", afirmou o príncipe, 27 anos, o terceiro na linha sucessória.

Após seis dias nos quais, entre outros atos, correu junto com o atleta jamaicano Usain Bolt, dançou em Belize e jogou polo no Brasil, o príncipe Harry expressou sua satisfação por ter se envolvido de "forma ativa" nas celebrações do Jubileu e não ter se limitado apenas a participar dos atos. Após visitar as ex-colônias britânicas, membros da Commonwealth, Harry chegou na sexta-feira ao Brasil, onde visitou favelas e conheceu o trabalho de diferentes organizações beneficentes.

"O mais importante em minha vida são as crianças. Não sei se é algo que herdei da minha mãe ou do meu pai, mas sinto que tenho uma enorme criança dentro de mim, me conecto e sempre me conectarei com as crianças", afirmou. No Brasil, ele anunciou seu desejo de estender a outros países o trabalho de sua ONG Sentebale, que ajuda crianças órfãs com aids no país africano de Lesoto. "Não é só no Lesoto. Acho que há crianças desfavorecidas ao redor do mundo que não têm esperança e precisam de ajuda, inclusive no Reino Unido e no Brasil. Entendo que sou um privilegiado por estar na posição na qual estou", afirmou. 
Fonte: MS Notícias

terça-feira, 20 de março de 2012



Investigação no TO mostra corrupção no Judiciário


estadao.com.br (Grupo Estado - Copyright 1995-2010 - Todos os direitos reservados.) 

Por FELIPE RECONDO E RICARDO BRITO, estadao.com.br 


Quando a corregedora Nacional de Justiça, Eliana Calmon, revoltou a magistratura ao afirmar, no ano passado, que havia 'bandidos de toga', ela não revelou nomes, mas tinha uma lista com casos emblemáticos, como o encontrado em Tocantins. A corregedora já conhecia parte das quase 5 mil páginas da ação penal 490, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), uma espécie de radiografia de tudo o que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) busca combater no Judiciário.
Ao longo de quatro anos, uma ampla e detalhada investigação mostra que 4 dos 12 desembargadores montaram esquemas no Tribunal de Justiça do Tocantins (TJ-TO) para vender sentenças, satisfazer interesses de políticos locais, cobrar pedágio para liberar o pagamento de precatórios, confiscar parte dos salários dos assessores para financiar viagens ao exterior e cobrar dos cofres públicos indenização vultosa por danos morais por terem sido investigados.
Os indícios e provas colhidos levaram o Ministério Público a denunciar quatro desembargadores, dois procuradores do Tocantins, sete advogados, três servidores do tribunal e outras duas pessoas envolvidas no esquema.
O jornal O Estado de S. Paulo teve acesso à denúncia do MP, e aos 15 volumes e 47 apensos da ação penal no STJ contra a presidente do Tribunal de Justiça de Tocantins, Willamara Leila de Almeida, e os desembargadores Carlos Luiz de Souza, Amado Cilton Rosa e José Liberato Póvoa.
Perícias em computadores de advogados e juízes, depoimentos de testemunhas, ligações telefônicas gravadas com autorização da Justiça, vídeos e fotos captados pela Polícia Federal mostram em detalhes como o esquema funcionava. Nas 152 páginas, o Ministério Público denunciou os envolvidos por formação de quadrilha, corrupção ativa, corrupção passiva, tráfico de influência, peculato e concussão.
Sentença copiada
No primeiro dos casos em que o MP aponta indícios de venda de sentenças, as investigações mostram que o desembargador Carlos Souza não teve sequer o trabalho de escrever o voto que iria proferir e que atendia aos interesses de advogados que defendiam o Instituto de Ensino Superior de Porto Nacional (Iespen) - Germiro Moretti e Francisco Deliane e Silva (juiz aposentado).
A Polícia Federal apreendeu na casa de um dos advogados um computador em que o voto estava sendo escrito. A última versão do texto datava do dia 20 de junho de 2007, às 9h36. Horas depois, o caso estaria na pauta de julgamento do TJ-TO. Para saber se aquele texto correspondia ao voto proferido pelo desembargador Carlos Souza, a PF fez uma comparação entre os dois.
Das 146 linhas do documento, 131 foram usadas no voto do desembargador. As poucas alterações foram para corrigir erros de digitação ou para substituir termos jurídicos em latim por expressões em português. Os grifos e os erros de pontuação do texto encontrado no computador do advogado foram mantidos no voto do desembargador. Conversas telefônicas entre Morreti e Deliane reforçaram as suspeitas do Ministério Público. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.



Investigação no TO mostra corrupção no Judiciário


estadao.com.br (Grupo Estado - Copyright 1995-2010 - Todos os direitos reservados.) 

Por FELIPE RECONDO E RICARDO BRITO, estadao.com.br 


Quando a corregedora Nacional de Justiça, Eliana Calmon, revoltou a magistratura ao afirmar, no ano passado, que havia 'bandidos de toga', ela não revelou nomes, mas tinha uma lista com casos emblemáticos, como o encontrado em Tocantins. A corregedora já conhecia parte das quase 5 mil páginas da ação penal 490, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), uma espécie de radiografia de tudo o que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) busca combater no Judiciário.
Ao longo de quatro anos, uma ampla e detalhada investigação mostra que 4 dos 12 desembargadores montaram esquemas no Tribunal de Justiça do Tocantins (TJ-TO) para vender sentenças, satisfazer interesses de políticos locais, cobrar pedágio para liberar o pagamento de precatórios, confiscar parte dos salários dos assessores para financiar viagens ao exterior e cobrar dos cofres públicos indenização vultosa por danos morais por terem sido investigados.
Os indícios e provas colhidos levaram o Ministério Público a denunciar quatro desembargadores, dois procuradores do Tocantins, sete advogados, três servidores do tribunal e outras duas pessoas envolvidas no esquema.
O jornal O Estado de S. Paulo teve acesso à denúncia do MP, e aos 15 volumes e 47 apensos da ação penal no STJ contra a presidente do Tribunal de Justiça de Tocantins, Willamara Leila de Almeida, e os desembargadores Carlos Luiz de Souza, Amado Cilton Rosa e José Liberato Póvoa.
Perícias em computadores de advogados e juízes, depoimentos de testemunhas, ligações telefônicas gravadas com autorização da Justiça, vídeos e fotos captados pela Polícia Federal mostram em detalhes como o esquema funcionava. Nas 152 páginas, o Ministério Público denunciou os envolvidos por formação de quadrilha, corrupção ativa, corrupção passiva, tráfico de influência, peculato e concussão.
Sentença copiada
No primeiro dos casos em que o MP aponta indícios de venda de sentenças, as investigações mostram que o desembargador Carlos Souza não teve sequer o trabalho de escrever o voto que iria proferir e que atendia aos interesses de advogados que defendiam o Instituto de Ensino Superior de Porto Nacional (Iespen) - Germiro Moretti e Francisco Deliane e Silva (juiz aposentado).
A Polícia Federal apreendeu na casa de um dos advogados um computador em que o voto estava sendo escrito. A última versão do texto datava do dia 20 de junho de 2007, às 9h36. Horas depois, o caso estaria na pauta de julgamento do TJ-TO. Para saber se aquele texto correspondia ao voto proferido pelo desembargador Carlos Souza, a PF fez uma comparação entre os dois.
Das 146 linhas do documento, 131 foram usadas no voto do desembargador. As poucas alterações foram para corrigir erros de digitação ou para substituir termos jurídicos em latim por expressões em português. Os grifos e os erros de pontuação do texto encontrado no computador do advogado foram mantidos no voto do desembargador. Conversas telefônicas entre Morreti e Deliane reforçaram as suspeitas do Ministério Público. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

domingo, 4 de março de 2012


Pedro Valle: ‘O Crescimento Desordenado Pode Levar ao Destombamento de Brasília’


Por: Menezes y Morais


A construção do Setor Noroeste, em Brasília (DF), não respeita nem o Santuário dos Pajés, 50 famílias que vivem no local antes da inauguração da cidade.




O escritor, professor e jornalista mato-grossense Pedro Valle, 82 anos, que escolheu Brasília para viver, continua preocupado com o tombamento de Brasília (DF) como patrimônio cultural da humanidade. Por isto ele critica, de forma veemente, a criação de novos bairros, como o Noroeste, encravado no Plano Piloto, por duas razões.
Primeira, a densidade populacional e sua consequente demanda automotiva. Segunda razão, isto acarretará a degradação na qualidade de vida da comunidade como um todo, além do aumento da poluição e de outros problemas urbanos.
Destombamento
Pedro Valle recorda: “Em 2004, reuniram-se na Câmara dos Deputados quatro senadores, 24 deputados federais, outros estaduais e distritais, representantes do Instituto de Arquiteto do Brasil, do IPHAN, e de outras entidades, era a segunda vez, em cinco anos, que se tentava reverter as situação de desrespeito a Brasília pela dimensão política”.

Os Pajés estão recebendo a solidariedade da sociedade, para barrar a construção do Setor Noroeste, vendido pela publicidade como um "bairro ecológico".
“Como disse o senhor Márcio Viana – acrescentou –, representante do IPHN – Instituto do Patrimônio Histórico Nacional, naquela reunião, impedir o inchaço de Brasília requer um ato político ou então o futuro da cidade estará comprometido.”
– O arquiteto Carlos Guimarães, pioneiro e representante de Oscar Niemeyer em Brasília, fulminou: ‘Todos os que criaram esse movimento já estiveram no governo de alguma maneia e foram incapazes de evitar o desrespeito ao tombamento. Não dá para fazer, não temos via para comportar mais um setor como este, o Noroeste’.
Pedro Vale recorda que o bairro do Sudoeste “Era pra ser a metade do que é. E como se isto não bastasse, agora aparece o Setor Noroeste, duas outras autoridades se manifestaram: Alexandre Rescke, secretário do Patrimônio da União, e Aldo Paviane, geógrafo da UnB – Universidade de Brasília”.

Brasília não suporta a construção de um novo bairro como o Noroeste, diz Pedro Valle, sem comprometor a qualidade de vida da sociedade.
Crescimento impraticável
A primeira dessas autoridades, acrescentou, disse: “Entendemos que o GDF – Governo do Distrito Federal não suporta mais assentamento. O crescimento horizontal é impraticável se a cidade quiser se tornar auto-sustentável”.
“O segundo disse: na velocidade em que está o crescimento desordenado, daqui a alguns anos o GDF será inadministrável”.
Na opinião de Pedro Vale, o Setor Noroeste “vai jogar no Plano Piloto, no mínimo, 40 mil novos automóveis, um por morador. Ninguém sabe afirmar onde esses automóveis vão estacionar. É um jogo dos políticos, em parceria com a indústria imobiliária, para asfixiar o Plano Piloto e assim levar a população a pedir o seu destombamento”.
Intervenção federal
Além do problema do crescimento desordenado de Brasília, Pedro Valle chama atenção para outro fato: as gangues partidárias que o Poder Judiciário está desmantelando no DF, ao desarticular, pela ação da Polícia Federal, o mensalão do Partido Democrata (DEM), que era chefiado pelo ex-governador José Roberto Arruda.
Existe no STF – Supremo Tribunal Federal – lembrou – um pedido de intervenção federal em Brasília, em função dessa roubalheira que a imprensa continua noticiando.

Tocantins, os recursos naturais não são mais os mesmos depois que o Estado foi criado.
“O mesmo já aconteceu no que se refere ao Estado de Rondônia. Em 2006, o então governador daquele Estado gravou uma tentativa de chantagem dos deputados estaduais que queriam uma contribuição mensal de R$ 50 mil para cada um. Dos 24 deputados estaduais daquele Estado apenas um não integrava a quadrilha existente na Assembléia Legislativa.”
Aqui, Pedro Valle fala do objeto de pesquisa que transformou no livro A Criação de Novos Estados – Verdade e Mito, publicado pela Thesaurus.
“Os políticos dizem que para desenvolver o Brasil é preciso criar novos Estados. Este é o mito. A verdade está aqui – diz, apontado para o livro –. Os fatos estão aqui. Por que escrevi? Para despertar a população do Brasil e de Brasília da maneira como vive na atitude indolente de apenas cuidar da própria vida.”

Mapa do Estado de Mato Grosso
Novos Estados
A criação de novos Estados, acrescentou, “partiu da atitude do ditador Geisel de dividr Mato Grosso e criar Mato Grosso do Sul. Esse ato caiu como um manjar para os políticos, que criaram, então, o MPST – Movimento dos Políticos Sem-Tetas, a partir daí foram criados os estados de Rondônia, Tocantins, Amapá, Roraima, Mato grosso do Sul e decretada a autonomia de Brasília (DF).”
“Até a Constituição de 1946 – acrescentou – cada Território Federal tinha direito a eleger apenas um deputado federal. Com a Constituição de 1988, e algumas outras leis, o País viu multiplicar-se por três as vagas de senadores, estando hoje com 18 vagas. Multiplicou também o número de deputados federais para 48 e dos deputados estaduais para 192.”
Além das sinecuras de mais seis tribunais de contas. Nada melhor para os políticos. Os EUA – Estados Unidos da

Visão do Pantanal, no Mato Grosso do Sul.
América, onde o Brasil foi se inspirar, para organizar o regime Republicano, com adoção do Federalismo e da representação popular, para escrever a Constituição de 1891, mas a inspiração recolhida dos norte-americanos ficou por aí.
Os EUA, lembra Pedro Valle, hoje elegem dois senadores por Estado com mandato de seis anos e 435 deputados federais, enquanto o Brasil elege três senadores por Estado, com mandato de oito anos e 513 deputados federais, com mandato de quatro anos.
Produto Interno Bruto
Enquanto o PIB – Produto Interno Bruto dos EUA é de US$ 13 bilhões, 250 milhões de dólares, a renda per capta de 44 mil e 93 dólares, o Brasil tem um PIB de R$ 2,5 trilhões de reais e renda per capta de 12 mil e 500 reais.
“Está tramitando no Senado uma emenda do senador Álvaro Dias (PSBD-PR) propondo a redução pela metade do número de deputados federais e estaduais. O pioneiro Ernesto Silva escreveu: ‘A autonomia de Brasília foi uma desgraça’ e o jornalista Paulo Manhans, também pioneiro, escreveu: ‘os governos e a Câmara \legislativa do DF estão destruindo Brasília’. Tais declarações foram feitas anos atrás”.
E acrescentou: “O senador Amir Lando (PMDB), então representante de Rondônia no Senado, chegou a pedir intervenção federal no seu Estado, o que não prosperou. Vejamos se desta vez o STF decidirá pela medida drástica para Brasília”.
Novo livro
Pedro Valle está escrevendo um novo livro. “Ainda não tem título, nele, pretendo mostrar como o Planeta Terra ainda

Capa do livro de Pedro Valle, onde ele questiona a criação de novos Estados no Brasil.
sobrevive diante de tanta loucura humana”, diz ele, referindo-se às agressões à Natureza provocadas pela ação humana, em nome do lucro.
Pedro Valle é mato-grossense de Miranda, onde nasceu em 1928. É jornalista profissional. Diplomou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Mato-Grosso, em Cuiabá.
Exerceu, entre outros, os cargos no Serviço Público Estadual: professor de português, francês e Organização Política e Social do Brasil, Secretário de Estado nos Governos Fernando Correa da Costa (1962-1965), Pedro Pedrossian (1966-1968) e Cássio Leite de Barros (Chefe da Casa Civil, 1977- 1978),
Apresentou teses em diversos Congressos Nacionais de Direito Tributário, é co-autor do Código Tributário de Mato Grosso.
É membro honorário do Instituto de Direito Tributário
da Faculdade de Direito das Faculdades Católicas de Campo Grande (MS).

Menezes y Morais, por Ivaldo Cavalcante.
Aposentou-se n o Serviço Público em 1986. De sua autoria, a Thesaurus também publicou
Os Caminhos por onde eu passei (memórias), editado em 2005.
Menezes y Morais é jornalista, professor,
escritor, historiador e editor da
Nós – Fora dos Eixos.
Serviço
Pedro Valle, A Criação de Novos Estados – Verdade e Mito – Thesaurus. www.thesaurus.com.br